quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A alegria é o que importa - Dédo Tenório



Duas coisas foram marcantes nesses dias de folia e pós folia. A primeira foi ainda no dia do festival de marchinhas, quando, após a brilhante apresentação, o Claudinho Boto chegou no bar do Murílo e me falou..."hoje é o dia mais feliz da minha vida". Outra foi chegar no bar do Mineiro e ler na parede esse lindo texto do Edélcio, uma tradução ímpar do que foi e do que representou esse carnaval.

A ALEGRIA É O QUE IMPORTA

Acima de tudo a alegria.
Essa frase do mestre Cleber não vai esquecer.
Se é importante a música e a batucada, a alegria de estar junto aos amigos o é muito mais. E ele mostrou bem isso o tempo todo com o pito e o apito. O apito amarelo de general da banda e o pito preto do Saci Pererê.

Dessa vez a coisa cresceu. Foi inacreditavelmente melhor. A moçada mais ritmada, mais vivida, debulhando os instrumentos com primazia. E o povo se desencarcerou do dia-a-dia, voltando a ser criança na Praça da Bandeira, na Comendador Parada, na apoteose da Praça da Matriz.

Valeram os ensaios sob o sol esturricante. Valeram os couros molhados sob as tempestades de verão. A correria para sob a cobertura da praça de eventos da Vila Maria onde, mesmo todo mundo apertadinho, não deixava o samba morrer.

Anjos, arcanjos, querubins e serafins abriram mão da paz das nuvens e das delicadas harpas para decair na fuzarca que marcou o nosso Carnaval.

Valeu perdoar e transigir por alguma opinião diversa, alguma rusga, cisma, birra, sabedores de que sairíamos do outro lado, do outro lado grandioso lado, que é o acima de tudo, que é o da a alegria. Salve Clebão!

Saravá Pipão que se desvenou por meses de dedicação, liderando ensaios, recebendo a todos, criando festival, montando banda, arranjando músicas, mudando tonalidade, passando quatro dias de zumbi, olhos vermelhos, noites em claro, sorriso de dias felizes.

Esses carnavais estão valendo pela nossa encarnação inteira.

E jorra amigos de fora! Quantas amizades não fizemos nesses só quatro dias? Quanta gente boa! Quem não se lembra dos ensaios sem cavaco? Como vamos sair na avenida? Mas os celestiais nos proveram do Dorfão e do Kurts (Evoé, João Vitor!), meninos generosos que seguraram a peteca e a palheta de ponta a ponta, ornamentando a voz dos puxadores Cleiton, Bertinho e Nenê Gavião.

Chiquinho Corvo, de quem apenas a presença já seria um júbilo, se digna a sair no carro-céu junto ao Zezé, somando catorze cordas de elevada baixaria.

Que dizer do Bertinho, onipresente, que puxou enredo, cantou marchinha no Festival e ainda comandou um show com seus convidados no palco maior? ...esse Bertinho que, graças a Deus, se esqueceu de crescer...

Que dizer daqueles fênixes queridos, do Grupo Paranga de São Luís do Paraitinga que, renascidos da calamidade, nos vieram mostrar e reavivar o orgulho e a grandeza, a garra e a força da nossa gente, enaltecendo nosso povo, nossa cultura caipira?

Apinhada. Foi como a Praça ficou em cada um dos quatro dias. Apinhada não só de gente moça, gente idosa, crianças, papais, mamães, vovôs e vovós. Mas apinhada de luz, beijos e abraços.

Flashes, celulares, câmeras pipocando cliques e vídeos que haja Youtube e Orkut pra conter. Cada um querendo eternizar o seu instante de felicidade, não querendo abandonar os afãs de ilusão que se sucediam, a não ser para uma escapadela no encalço duma lata gelada.

Assim foi. Assim está sendo. Assim será por que nossos sucessores, mesmo no colo, estavam aprendendo do que no futuro terão prazer em fazer.

Hyládio mais uma vez, cadeirante dançarino, agora com um caju a mais, rumo ao centenário, cercado de garotas lindas e prestativas, no asfalto, folião de tantas décadas e de hoje também, nos honrando...

Virma de Laidão, nossa musa, caída na farra, digna e majestosa, apontando com clareza o caminho do bem e da magia de saber viver.

E o Pipão lá desde o princípio. Agora, derradeira noite, com a energia da “Harmonia” da Cilene, até a longa nota final do frevo Vassourinhas, que avisa aos anjos que é hora de voltar.

Axé compositores João Vitor e Zeca da Silva cuja vinda não lhes foi permitida. Contingências que o auê de dois mil e onze sarará! Participaram de tudo, mesmo assim. As mesas do Mineiro e da Preta Veia sentiram profundamente a ausência desses mestres! Mas não de suas criações. Mananciais de melodias, mesmo ausentes nos trouxeram seu tesão, ritmo e grandiosidade,

Zé Romera, sessentinha, o mais provecto do grupo, futuro mamulengo, exímio compositor, sem dúvida perpassou a iluminação de que a juventude está constante em um cantinho dentro de nós.

Fica a última estrofe da marchinha que o Bertinho cantou no festival, como uma última prece: “Quero ver se eu consigo trazer você comigo pra brincar no ano que vem...”

Edélcio

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um céu de cores


Caiu a tarde e uma cidadizinha se transforma em um céu de cores, uma constelação de estrelinhas por todos os lados, crianças pulando. Sorrisos, abraços e gritos contagiaram todos,uma verdadeira viagem a um sonho de alvorada. Se todos os finais de tarde tivesem essa energia positiva a vida seria muito melhor. Vivenciar esses dias de carnaval em Piedade foi passear nos mais belos sons e nas mais belas imagens, registrando na mente cenas que ficarão para resto da vida.
Como dizem aquelas pessoas abençoadas de São Luiz do Paraitinga que abrilhataram ainda mais nossa terrinha..."O carnaval de Piedade é paraíso, dê um sorriso, dê um sorriso. No carnaval a tristeza é prejuízo, dê um sorriso, dê um sorriso..."
Viva as crianças que descobriram o que é o carnaval. Viva as escolas de samba de Ibúna e Sorocaba que transformaram nossas ruas em passarela. Viva o Paranga que descobriu o carnaval de Piedade. Viva o Paletó Vermeio que descobriu uma Piedade linda, que todos iremos guardar.